Recentemente, o órgão norte-americano para controle de drogas (DEA – US Drug Enforcement Administration) travou uma verdadeira guerra contra um novo entorpecente, e os defensores da legalização de certas drogas não se mostraram felizes com isso. A intenção da agência é colocar uma planta chamada kratom na mais alta classificação de substâncias proibidas, condenando-a a um status semelhante ao da heroína e da metanfetamina.
Chamada de Schedule 1 (Tabela 1), a lista reúne as drogas consideradas de elevado potencial de abuso e sem quaisquer aplicações médicas. Em um relatório divulgado, a DEA afirmou que a kratom, mais especificamente seus alcaloides ativos: mitragina e 7-hidroximitragina, “representam um perigo iminente para a segurança pública”.
Contudo, até o momento, nenhuma pesquisa científica genuína foi realizada para verificar os efeitos da planta nos seres humanos. Por esse motivo, alguns dizem que tal classificação é injusta e até poderia estar privando o mundo de um tratamento útil para a toxicodependência.
A kratom é uma planta natural do Sudeste Asiático, podendo ser consumida na forma de pó, cápsula ou líquida. É dita produzir efeitos semelhantes aos de opiáceos, devido ao fato de que ambos os alcaloides se ligam aos receptores opioides do sistema nervoso central, causando diminuição da sensação de dor.
No entanto, em estudos realizados em ratos não dependentes, os componentes da planta não mostraram efeitos colaterais comportamentais normalmente associados a outros fármacos opioides, como a heroína, por exemplo. E justamente por essa razão que o kratom foi visto por alguns como a ferramenta perfeita para combater o vício em heroína, uma vez que foi capaz de impedir que os roedores experimentassem sintomas de abstinência sem reforçar a dependência física da droga.
Há de se ressaltar que isso não necessariamente significa que a droga seja inofensiva. O alcaloide 7-hidroximitragina, por exemplo, é descrito como um analgésico mais poderoso do que a morfina. Logo, doses muito altas poderiam ser perigosas.
A DEA citou uma série de incidentes associados aos efeitos negativos de kratom, incluindo algumas mortes – embora as evidências para essas alegações não sejam consideradas particularmente fortes. Por exemplo, em um dos estudos mencionados no relatório, a agência descreveu a morte de um jovem de 17 anos viciado em heroína, que também era um conhecido consumidor de kratom. Ao invés de dar como certa a morte do rapaz pela planta, eles disseram que a causa dera de uma “possível toxicidade de kratom”.
Dessa forma, até que mais pesquisas sejam feitas – e agora em seres humanos – não podemos assumir o quão perigosa a droga é de verdade. De acordo com a IFLScience, a DEA parece ter se precipitado um pouco ao proibir suplementos feitos à base da planta, embora, em um e-mail para o Gizmodo, a agência tenha dito que a proibição tem como objetivo dar mais tempo para aos cientistas fazerem pesquisas sobre seus efeitos.
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