A Organização Mundial de Saúde (OMS) está se movendo para desclassificar a identidade de gênero trans como um transtorno mental. Além disso, a ONU pretende reformular a categorização de transtornos mentais e comportamentais e promete divulgar as mudanças em 2018.
A mudança foi realizada após o The Lancet Psychiatry publicar nesta semana um novo estudo que defende a ideia de que pessoas transexuais não devem ser diagnosticadas como portadoras de um distúrbio mental. De acordo com o pesquisador Geoffrey Reed, da Universidade Nacional Autônoma do México, “o estigma associado tanto transtorno mental quanto à identidade transexual tem contribuído com a precária situação legal, as violações dos direitos humanos e as barreiras à assistência adequada para as pessoas transexuais“.
“A definição de transgeneridade como um transtorno mental foi usada para justificar a negação de cuidados de saúde e contribuiu para a percepção de que as pessoas transexuais deveriam ser tratadas por especialistas psiquiátricos, criando barreiras aos serviços de saúde“, completa o pesquisador.
Para a realização do estudo, foram entrevistadas 250 pessoas transexuais com idades entre 18-65 anos. O experimento descobriu que, embora muitos tinham experiências negativas com rejeição social e violência, eles não tinham sentimentos negativos sobre a sua identidade de gênero.
Na opinião dos pesquisadores, atitudes e comportamentos negativos em relação às pessoas transgêneras não mudarão da noite para o dia com a mudança da classificação, porém eles acreditam que isso possa contribuir com a mudança a longo prazo.
Robles conta que as experiências relacionadas à rejeição social e à violência foram muito relatadas pelos transgêneros, e que a frequência que isso ocorria dentro das próprias famílias dos participantes era muito preocupante. “Esse estudo destaca a necessidade de políticas e programas para reduzir o estigma e a violência contra essa população. A remoção de diagnósticos de transexuais a partir da classificação de transtornos mentais pode ser uma parte útil desses esforços”, completou.
Os pesquisadores reconhecem que a pesquisa foi feita apenas com voluntários americanos e que para confirmar os resultados, deve ser realizada em outros países. Outra questão também estudada é: se a transgeneridade for desclassificada como um transtorno mental, então como poderemos classificá-la?
Enquanto alguns membros acreditam que ela não deva ser classificada, outros apontam que devido ao estigma e à violência, as pessoas transexuais devam receber uma classificação pela OMS, segundo a qual possam receber ajuda com serviços médicos e outros auxílios.
“(Pessoas homossexuais e bissexuais) não dependem de tratamento médico da mesma forma que a população trans. É necessária uma classificação para informar a um plano de saúde“, explicou o pesquisador Karl Surkan, do MIT e da Universidade de Temple, a The New York Times.
A questão que divide opiniões está longe de ser resolvida, porém a boa notícia é que pela primeira vez as pessoas transexuais estarão livres do julgamento de que são mentalmente doentes devido à sua identidade.
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