O homem, que se tornou um dos destiladores mais reconhecidos dos Estados Unidos começou como um menino sem recursos no meio do sertão do estado americano do Tennessee. Embora seu nome seja universalmente conhecido em todo o mundo, a história de sua vida sempre foi envolta em mistério e lenda.
A indústria, que ele ajudou a fundar, é hoje uma das maiores do país e uma das marcas americanas de nome mais popular de todos os tempos.
Ao comemorar seu aniversário de 150 anos, a famosa marca de uísque Jack Daniels optou por compartilhar uma parte de sua história que nunca foi contada antes. Até agora, a história da empresa se centrava na noção de que o reverenciado fundador Jack Daniel aprendeu a destilar seu agora famoso uísque com um pastor chamado Dan Call. Assim contam de forma quase poética quase todos os sites especializados em bebidas, mas os guias de turismo de Lynchburg, onde fica a destilaria da empresa no Tennessee, estão agora contando uma história diferente: Daniel aprendeu a destilar com Nearis Green, um escravo da propriedade de Dan Call.
Segundo a mídia americana, esta versão da história de Jack Daniel nunca foi um segredo, mas empresa só recentemente começou a abraçá-la através dos passeios turísticos por suas instalações, campanhas de marketing e mídias sociais, muito provavelmente por sua correção política e para agradar os justiceiros sociais, cada vez mais presentes no meio jovem.
O papel crucial de Nearis no processo de criação do uísque foi referenciado na biografia de 1967, "O legado de Jack Daniel", de Ben A. Green. No livro, Dan Call supostamente diz que seu escravo ensinou a Daniel tudo o que ele sabia.
A arte de fazer uísque sempre foi historicamente considerada uma atividade apenas de caucasianos, mas a história obscura da escravidão sulista e do uísque estão totalmente interligadas. Escravos compunham a maior parte da força de trabalho de destilação e muitas vezes tinham papéis especializados cruciais no processo de criação do uísque. Os negros escravizados tinham suas próprias tradições na produção do álcool, tradições estas que podiam ser rastreadas até a África Ocidental.
Muitos vêem a decisão da Jack Daniels de revelar seus laços com a escravidão como um movimento apelativo para cooptar os bebedores mais jovens, que são socialmente mais conscientes da política racial oculta nos EUA. Outros a vêem como uma tática de marketing genial ao discutir questões da justiça social. Mas a companhia disse que está simplesmente tentando esclarecer as coisas.
Um ano depois do fim da escravidão com a ratificação da 13ª Emenda, Daniel abriu sua própria destilaria e teria empregado dois dos filhos de Nearis Green, segundo contam (na verdade parecem exibir um álibi) algumas reportagens sobre o assunto. No entanto, como a história da manutenção das empresas era uma prática incomum na época, os papéis e as contribuições de cruciais de Nearis e seus filhos, eventualmente, foram esquecidos.
- "Eu não acho que deixar os Green fora da história da empresa tenha sido uma decisão consciente", justifica Phil Epps, o diretor da marca global.
De acordo com ele, a empresa decidiu compartilhar as contribuições de Green após anos pesquisando diferentes histórias de origem da mesma. O papel vital de Green na Jack Daniels não podia ser simplesmente ignorado.
- "À medida que cavávamos, percebíamos que era algo que poderia ser motivo de orgulho", disse Epps.
A história de Nearis Green, por enquanto, é uma parte opcional do passeio pela destilaria, deixada ao critério de cada guia de turismo, e a empresa ainda está considerando se vai aprofundar à história de como homens e mulheres escravizados criaram o uísque americano.
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