Pelos últimos 45 anos, Martin e Sinforosa Colomer são os dois únicos moradores de La Estrella, uma aldeia abandonada na Espanha. Eles são cercados por três cães, quatro galinhas, um galo, cerca de 25 gatos e algumas abelhas. A cidade mais próxima habitada está a pelo menos 25 quilômetros de distância.
Apesar de parecer estranha, a pequena vila não foi sempre tão isolada. Ela possuía centenas de habitantes, uma igreja, dois prédios escolares e vários bares. Na verdade, La Estrella tem um passado interessante. A lenda diz que a aldeia foi construída exclusivamente para as amantes de muitos homens ricos.
De acordo com várias fontes, uma tempestade torrencial, em 1883, matou cerca de metade dos habitantes e destruiu pelo menos 17 casas. A praça da aldeia, a paróquia e a igreja permaneceram ilesas e um memorial foi erguido para todos que morreram. O lugar perdeu seu charme e os moradores começaram a abandonar as casas.
A história de Martin e Sinforosa começou cerca de 70 anos mais tarde, quando se tornaram um dos poucos jovens que ainda viviam em La Estrella. “Eu a conheci um dia, quando ela estava trazendo o gado dos campos“, lembrou Martin. “Eu ia para a fazenda e trazia gado, também.” Mais tarde, eles se conheceram em uma das duas tavernas restantes na aldeia, apaixonaram-se e casaram.
Os Colomers criaram uma família em La Estrella, optando por permanecer na cidade mesmo quando muitos de seus conterrâneos mudaram-se para as cidades próximas, em busca de trabalho. “Cerca de 150, 200 pessoas viviam aqui, antes. Tivemos alguns professores, um prefeito, um xerife, um médico e um padre. Em um ano ou dois, quase todo mundo foi embora“, disse Martin.
Infelizmente, a filha do casal faleceu quando tinha apenas 12 anos, devido a uma embolia em sua cabeça. “Quando ela chegou ao hospital ainda estava viva. Eles tentaram dar-lhe sangue, mas ele saiu mais rápido do que puderam repor. Ela teria 48 anos, hoje“, contou Martin. Talvez permanecer na aldeia os ajudou a manter a lembrança da filha, ou apenas a serem felizes em sua casa. O fato é que os Colomers nunca saíram da aldeia.
“Muitas pessoas dizem o quão bem vivemos, mas eu digo: venha viver aqui e veja quanto tempo você pode suportar. Minha esposa nasceu neste lugar e sempre viveu aqui. Ela não quer sair. Se fosse por mim, eu teria deixado a cidade há muito tempo. Mas eu não posso deixá-la sozinha. O que mais podemos fazer?”, relatou o homem.
Hoje, Martin, de 79 anos, e Sinforosa, de 82, vivem sem telefone, televisão, eletricidade ou água. Eles têm um carro velho para levá-los à cidade mais próxima de vez em quando, mas eles parecem bastante felizes com suas vidas simples. “Nós temos muito o que fazer com os animais e as nossas cerejeiras. O rádio é legal. Na maioria dos fins de semana, recebemos visitas“, disseram eles, que tiveram sua história contada em um vídeo do portal Aeon.co.
Fonte