- Uma das características mais positivas da moda é que ela é cíclica. Isto é, tendências entram, saem e voltam.
No entanto, se você é um adepto do estilo vintage, vai gostar de saber que o que era esperado ser o mais velho vestido do mundo, agora foi confirmado cientificamente como tal.
A peça foi encontrada por uma equipe liderada pelo arqueólogo W. M. Flinders Petrie, em 1912-1913, em uma tumba de um antigo cemitério localizado em Tarkhan, há quase 50km do sul do Cairo. No entanto, ela estava embrulhada dentro de uma pilha de tecidos e não foi reconhecida de imediato. Décadas mais tarde, em 1977, os tecidos foram enviados ao Museu de Victoria e Albert para conservação, e a peça foi descoberta.
De acordo com especialistas, trata-se se uma veste de linho feita sob medida para algum membro de elite, tem mangas plissadas, decote “V” e um corpete simples. O desgaste observado no modelo revela que ele era usado para o dia a dia, não apenas como item cerimonial. No entanto, o modelo ainda não tinha uma data confirmada (em alguns livros sobre a história da moda, ele é associado a uma idade de 3.000 anos). Porém, após um teste de datação de carbono – no qual os cientistas usam a radioatividade para determinar a idade de um objeto – realizado em 2015, por especialistas da Universidade de Oxford, ficou confirmado que o artigo tem entre 5.100 e 5.500 anos de idade, sua origem, então, seria entre 3.482-3.102 a.C.
“A sobrevivência de produtos têxteis, que são altamente perecíveis, no registro arqueológico é excepcional, ainda mais quando se trata de roupas ou artigos completos”, disseram os especialistas que realizaram a datação do objeto.
Sendo assim, para realizar a datação, os pesquisadores elaboraram um método baseado em uma “idade verdadeira”, de 3366-3120 a.C. (com 68% de probabilidade) ou 3482-3102 d.C. (com 95% de probabilidade). A equipe explicou que essas janelas de idade são grandes por casa do pequeno tamanho da amostra e dos desafios inerentes à calibração de datas de carbono, no final do quarto milênio a.C.
As fibras de linho foram consideradas adequadas para a realização da datação, e a equipe determinou que os materiais utilizados para a construção da peça não foram reciclados, tendo pertencido à Primeira Dinastia, ou, possivelmente antes, durante o período Naqada III.
O processo, no entanto, não foi simples e envolveu uma série desafios para os especialistas. Para combater uma potencial contaminação por óleos, resinas antigas, colas ou conservantes, a amostra precisou ser exposta a solventes orgânicos – como acetona, metanol e clorofórmio – para que fossem removidos quaisquer contaminantes introduzidos durante a conservação ou que possivelmente surgiram durante o longo tempo em que passou dentro do túmulo.
A pesquisa foi publicada pela revista Antiquity, escrita por Alice Stevenson, curadora do Museu de Arqueologia Egípcia de Petrie, e Michael W. Dee, do Laboratório de Pesquisa em Arqueologia e História da Arte.
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