O acidente nuclear de Chernobyl, que ocorreu em 1986 na Ucrânia, deixou marcas que podem ser irreversíveis, com reflexos até os dias atuais. Hoje o local é apenas um retrato da destruição de outrora, considerado até mesmo “assombrado” por quem acredita em espíritos, além das altas taxas de radiação.
O acidente nuclear catastrófico ocorreu em 26 de abril na central elétrica da Usina Nuclear de Chernobyl, que na época pertencia à República Socialista Soviética Ucraniana. Uma explosão seguida de um incêndio lançou partículas radioativas na atmosfera, que se espalharam por boa parte da URSS e da Europa Ocidental. O desastre é considerado o pior acidente nuclear da história, tanto em custo quanto em mortes resultantes, além de ser um dos dois únicos eventos classificados em nível 7 (classificação máxima) na Escala Internacional de Acidentes Nucleares. O outro é o Acidente nuclear de Fukushima I, que aconteceu no Japão, em 2011.
Até hoje, os governos tentam conter a contaminação radioativa e evitar uma catástrofe maior. O processo já contou com mais de 500 mil trabalhadores e teve um custo quase imensurável de investimento. No acidente, 31 pessoas morreram, mas os efeitos a longo prazo chegaram a causar diversos casos de câncer e deformidades, recorrentes até os dias de hoje.
Apesar de ter acontecido em 1986, há três décadas, a precipitação radioativa afeta rotineiramente todas as formas de vida ainda existentes no local, principalmente o ecossistema, englobando plantas e animais.
Cientistas descobriram que o número de alces, veados e javalis vivendo na chamada “Zona de exclusão de Chernobyl” – a cerca de 2.600 quilômetros quadrados da área de contaminação ao redor do local do desastre – é similar ao número de animais em reservas naturais não contaminadas nas proximidades. Na verdade, eles notaram que existe uma população selvagem sete vezes maior do que as populações das reservas.
Uma pesquisa recente, realizada pela Scientific Reports, descobriu que estes animais na Zona de Exclusão estão desenvolvendo altas taxas de catarata e outras doenças, justamente por conta do alto nível de radiação presente no local.
A catarata afeta diretamente o sistema imunológico devido a uma diminuição na quantidade de luz que atinge a retina. Em casos mais graves, pode levar à cegueira total ou parcial. Como a exposição à radiação ultravioleta no local é muito grande, o processo de formação da catarata nesses animais foi muito acelerado.
De acordo com a pesquisa, isso acontece, principalmente, por conta da ação da exposição a antioxidantes, que causa desequilíbrio nos níveis de moléculas reativas, como o oxigênio. Ele é produzido como resultado das reações químicas internas e do sistema imunológico. Tal efeito teria provocado um processo chamado de “estresse oxidativo”.
Para analisar a questão, cientistas estudaram 80 ratazanas de mais de 41 locais diferentes na zona de exposição de Chernobyl, para considerar as variações da radioatividade. Concluiu-se que as fêmeas apresentaram baixa taxa de fertilidade e os ratos dos locais de maior radiação (59,70 microsieverts por hora), apresentaram maior probabilidade de catarata.
A área atingida pelo acidente engloba cerca de 30 Km, que até hoje são habitáveis, tanto por animais quanto por seres humanos. Para entrar na zona de exclusão, é preciso realizar análises em todo o corpo ao entrar e sair, para investigar se houve absorção de níveis radioativos além dos aceitáveis.
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