Saalumarada Thimmakka é uma ambientalista que, junto com seu falecido marido, plantou e cuidou de 384 figueiras em sua cidade natal, na aldeia Hulikal, em Karnataka, na Índia. Agora, aos 103 anos, ela vive para contar sua história e motivar outras pessoas.
Quando Thimmakka era uma menina, ela casou-se com um fazendeiro chamado Chikkaiah e, juntos, eles resolveram ir além de trabalhar na lavoura. O casal não teve filhos por anos, para poder ajudar seus conterrâneos de uma forma diferente. “Um dia, nós pensamos: por que não plantamos árvores e cuidamos delas como nossos filhos?!”, contou Thimmakka.
Eles começaram plantando 10 mudas de figueiras, que cresciam abundantemente em sua aldeia. Usando os seus poucos recursos, eles plantaram essas mudas em um trecho vazio de terra de cerca de quatro quilômetros.
Não havia água disponível na área, e o casal enchia quatro baldes em sua casa e levava até o local, percorrendo todo o caminho diariamente. Eles protegiam as mudas dos animais e de doenças e, no ano seguinte, plantaram mais 15 mudas, depois, 20 no outro e assim continuaram ano após ano. O casal conseguiu, ao longo do tempo, plantar um total de 384 árvores.
Hoje, as árvores abrangem cinco quilômetros entre as aldeias de Hulikal e Kudoor, a cerca de 80 quilômetros da capital do estado de Bangalore, e são cuidadas pelo Governo de Karnataka.
Infelizmente, Chikkaiah morreu em 1991, mas Thimmakka recebeu vários prêmios estaduais e nacionais, incluindo o Prêmio de Cidadão Nacional, em 1995 e o Godfrey Phillips Bravery Award, em 2006. Ela foi homenageada por vários países, ativistas ambientais e organizações sociais.
Apesar de todo o reconhecimento que recebeu, infelizmente, Thimmakka ainda vive em extrema pobreza. Ela é proprietária de uma modesta casa de três quartos e ressalta que, embora as pessoas premiem-na com certificados e medalhas, ninguém jamais ofereceu-lhe quantias em dinheiro. Ela diz que, às vezes, suspeita que as pessoas usam sua imagem para arrecadar fundos, mas nunca compartilham com ela.
Thimmakka recorda que o local em que ela e seu marido viveram foi tomado por parentes gananciosos, mas ela admite que o governo lhe concedeu um novo pedaço de terra para viver, e uma pequena pensão mensal de 500 rupias. Ela acabou adotando um filho para lhe fazer companhia, que agora cuida de suas aparições públicas e eventos. “Meu filho foi inspirado por mim para realizar atividades relacionadas com a ecologia em uma cidade próxima. Ele cuida de toda a minha papelada, pois eu não sei ler e escrever”, contou.
Apesar de sua idade, Thimmakka ainda é apaixonada por sua história e por fazer a diferença na humanidade. “Eu tenho vontade de iniciar um hospital, mas ninguém parece interessado. Eu vou continuar tentando”, concluiu a ambientalista.