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Ginástica no cemitério

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  • Desrespeito ou jeito natural de lidar com a morte? O que você acha?

Uma academia de ginástica cujo proprietário é um ex-atleta britânico foi criticada por oferecer parte de suas aulas em um antigo cemitério.

Desrespeito? Mas afinal, o que é certo e errado nesse território? O repórter Chris Stokel-Walker investiga.

Imagine a cena: um punhado de gente vestindo roupas fosforescentes de lycra faz ginástica em meio a lápides e tumbas. Isso é o que vem acontecendo no Putney Old Burial Ground, um antigo cemitério no bairro de Putney, no sudoeste de Londres.


  • Consideração

Um morador disse ao jornal londrino Evening Standard que fazer as aulas no local era "desrespeitoso, uma falta de consideração".

Há mais de 160 anos não são feitos enterros no cemitério, mas restos mortais dos que foram enterrados ali permanecem no local.

O espaço tornou-se um jardim público em 1886. Oito bancos de parque foram colocados em torno das tumbas para os passantes. Um relatório da administração local, o Wandsworth Council, classifica o lugar como "um pequeno espaço para sentar, oferecendo um destino e uma área para trabalhadores do bairro tomarem seu lanche".

O diretor da academia, Gavin Sunshine, disse que outros grupos, incluindo estudantes, grupos de teatro e professores de ginástica (personal trainers) já vêm usando o cemitério para atividades.

"Se alguém sente que desrespeitamos os mortos, gostaríamos de pedir desculpas aos desrespeitados. Achávamos - erroneamente - que havia atividades de lazer no jardim. Então, um dia, decidimos terminar uma das nossas aulas, apenas os dez minutos finais, ao ar livre, debaixo do sol", disse Sunshine.

  • Local sagrado

Cemitérios existem na fronteira entre o público e o privado. Lugares onde vivemos o luto e lembramos dos mortos. Mas também áreas de passagem, usadas como atalhos ou como alternativas para parques. E aqui mora o problema.

Uma porta-voz da National Association of Funeral Directors, uma associação de funerárias britânicas, disse que seus associados não gostariam de ver esse tipo de atividade em cemitérios ainda ativos, frequentados por famílias que perderam entes queridos e que merecem um pouco de silêncio e privacidade.

Mas os associados "apoiam medidas para incentivar as pessoas a ficarem mais à vontade com a ideia da morte, e isso pode incluir incentivar o público a explorar e desfrutar de cemitérios históricos, particularmente os que foram desativados há várias décadas".

Para Giles Fraser, padre da Igreja Católica St Mary's, em Newington, no condado de Surrey, o tempo decorrido após o último enterro é um fator importante para que se decida o que pode e o que não pode ser feito em um cemitério.

"Se não há a probabilidade de que existam parentes vivos, de luto, acho que temos a permissão de tratar o lugar mais como um parque, menos como um cemitério", disse Fraser.

Rudi Leavor, rabino da Bradford Reform Synagogue, em Bradford, Inglaterra, tem opinião diferente. "Trata-se de um lugar sagrado", disse. "Não é um lugar para você usar como atalho entre um ponto e outro, não é um lugar para se fazer exercícios."

Na Igreja Anglicana, cada igreja estabelece suas regras sobre o que é ou não permitido em seus cemitérios, mas a maioria delas segue certos princípios.

Falando à BBC, um porta-voz disse: "Nossos cemitérios não são lugares fechados e as pessoas caminham neles regularmente ou param para refletir, mas o respeito é fundamental".

Fonte




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