Por mais chocante que pareça, existe uma tradição em muitas (não todas) tribos indígenas brasileiras – algumas ainda em atividade –, na qual matar filhos deficientes ou que nasçam com saúde debilitada é um ato de amor, poupando-lhe uma vida de sofrimento.
A prática é reconhecida pela Funai e pelo governo brasileiro, que respeita a tradição das tribos com o objetivo de não interferir em sua cultura, mesmo que alguns pais façam tal ato contrariados ou forçados por membros da tribo e pelo próprio pajé.
A tradição indígena do parto faz com que a mãe, quando sente as dores que avisam a chegada do filho, vá mata adentro para o nascimento. Com o conhecimento adquirido, ela examina o bebê para detectar sinais de que ele é saudável ou não, de acordo com antropólogos. Quando ele parece saudável, é amamentado e recebe “sinal verde” para a vida.
Porém, em algumas tribos, quando o bebê nasce com aparência não saudável ou deficiente, ele pode ser morto por envenenamento, asfixia ou enterrado vivo, antes da amamentação, que, segundo a tradição indígena, representa o “ritual de início à vida”. Muitas vezes, mesmo contrariada, a mãe demonstra seu amor sacrificando o filho com tais condições, para evitar que ele tenha uma vida complicada ou dependente.
Quando a mãe se recusa a cometer o infanticídio por piedade ao filho ou não percebe sua deficiência e acaba levando a criança doente à tribo, ela sofre pressão e precisa dar continuidade à tradição ou é expulsa da tribo com seu filho. Caso haja algum caso de clemência para a permanência da criança, ela, quando deficiente, costuma ser ignorada e renegada pela própria família.
As instituições de defesa dos direitos humanos têm criticado com veemência o infanticídio indígena no Brasil, principalmente porque os órgãos responsáveis blindam tais atrocidades por uma questão cultural, colocada à frente do direito à vida.
Realizando uma matéria sobre os índios Suruwahás, no sudoeste do Amazonas, um jornalista australiano criticou o governo brasileiro e a Funai, por deixar essa tolerância persistir, mesmo contra todos os direitos humanos pregados ao redor do mundo. Tal atitude dos órgãos governamentais transformou as tribos indígenas brasileiras em museus antropológicos vivos.
Fonte